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Boletim da IACM de 20 de novembro de 2006

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Itália/Suiça — Governos planejam legalização do uso medicinal da Cannabis

O governo italiano decidiu que no futuro a Cannabis poderá ser usada para o tratamento da dor. O parlamento ainda precisa votar a questão. A medida “não tem nada a ver com baseados” de acordo com o Ministro da Saúde Lívia Turco. A reforma só entrará em vigor após aprovação pela Câmara dos Deputados e Senado. A oposição está dividida na questão. Enquanto os ultra-nacionalistas acusam o governo de legalizar uma droga leve, Chiara Moroni, do partido Forza Itália de oposição a Silvio Berlusconi defendeu a decisão.

Os legisladores suiços também tomaram um primeiro passo para possibilitar o uso legal de Cannabis e derivados para fins médicos. O Comitê de Saúde do Parlamento (Nationalrat) decidiu com ampla maioria a sugestão ao parlamento de mudanças na lei de narcóticos, de acordo com o médico Felix Gutzwiller, presidente do partido parlamentar FDP e membro do Comitê de Saúde, em 24 de Outubro no noticiário da TV suíça. Ele acredita que existirá maioria também no Nationalrat para a legalização de Cannabis como medicamento.

Mais informações:

http://tagesschau.sf.tv/nachrichten/archiv/2006/10/24/schweiz/58113

http://www.netzeitung.de/wissenschaft/447655.html

(Fontes: TV Suiça de 24 de Outubro de 2006, Netzzeitung de 20 de Outubro de 2006)

Ciência — THC reduz espasticidade em pacientes com lesão de medula espinhal

De acordo com um estudo clínico aberto conduzido no REHAB, em Basel, Suíça, o THC foi efetivo na redução da espasticidade em 25 pacientes com lesão medular. Em 3 fases do estudo, os pacientes receberam THC oral, THC-hemisuccinato (THC-HS) retal e/ou placebo. Cada fase durou 6 semanas. Originalmente havia sido planejada uma fase aberta com THC oral seguida por uma fase com THC-HS retal e finalmente uma fase controlada por placebo em cross-over de 3 vias com THC oral e THC-HS retal. Devido a problemas de logística, a fase 2 teve que ser encerrada após a inclusão de 7 pacientes. A fase 3 foi alterada para um estudo paralelo com THC oral controlado por placebo.

A fase 1 foi completada por 15 pacientes com redução do escore de espasticidade média de 16,7 (baseline) para 8,9 no dia 43. Doses médias máximas foram de 31mg de THC oral. Reduções com o THC-HS retal foram similares (fase 2). Entretanto as doses foram maiores (43mg). Foi possível comparar os 7 indivíduos que receberam THC oral na fase 1 e placebo na fase 3, demonstrando melhora significativa com o canabinóide.

As principais razões para o abandono foram o aumento da dor e efeitos colaterais psicológicos. Os autores concluíram que “o THC é uma droga segura e efetiva no tratamento da espasticidade. Ao menos 15-20mg por dia foram necessários para conseguir o efeito terapêutico.”

O resumo do estudo está disponível no site:

http://www.cannabis-med.org/studies/study.php

(Fonte: Hagenbach U, Luz S, Ghafoor N, Berger JM, Grotenhermen F, Brenneisen R, Maeder M. The treatment of spasticity with Delta(9)-tetrahydrocannabinol in persons with spinal cord injury. Spinal Cord. 2006 Oct 17; [Electronic publication ahead of print])

Holanda — Paciente com esclerose múltipla poderá cultivar Cannabis para uso pessoal

Em decisão inédita uma corte de apelação holandesa decidiu que um homem portador de esclerose múltipla poderá cultivar Cannabis para uso pessoal no alívio de sua dor. A corte em Leeuwarden no norte do país decidiu em 17 de Outubro que o interesse do paciente de 51 anos de idade é mais importante que o interesse público da atual proibição do cultivo de Cannabis no país.

“Isso significa que outros pacientes podem também cultivar legalmente sua própria Cannabis”, segundo Wim Anker, o advogado do paciente, em entrevista a agência de notícias ANP. Em 2004 uma corte inferior sentenciou Wim Moorlag e sua esposa Klasiena Hooijer ao pagamente do multo por cultivo ilegal de Cannabis. O casal colhia 300 gramas a cada 15 semanas. Moorlag argumentou que não poderia comprar Cannabis num coffee shop devido ao risco de contaminação por fungos ou bactérias poder ser perigoso para ele devido à esclerose múltipla.

Mais no site:

http://derstandard.at/?url=/?id=2627586

(Fonte: Der Standard de 17 de Outubro de 2006)

Ciência Espanha — Estudo piloto com Sativex mostrou efeitos positivos em 65% dos pacientes com doenças crônicas

Em 20 de outubro o Comitê de Saúde da Catalunha apresentou os resultados de um estudo clínico com o extrato de cannabis Sativex em pacientes com diferentes doenças crônicas como esclerose múltipla, dor neuropática assim como anorexia e perda de peso. 65% dos 123 participantes apresentaram melhora da qualidade de vida e diminuição da dor. Os outros 35% descontinuaram o tratamento devido a efeitos colaterais, especialmente tontura, boca seca e fadiga.

Foi um estudo piloto iniciado em Janeiro de 2006 em seis hospitais na região de Barcelona. De acordo com o Comitê de Saúde foi demonstrado que a cannabis pode ser uma alternativa para “pacientes com doenças crônicas graves de diferentes causas que não respondem bem às medicações disponíveis e que são associadas com uma piora da qualidade de vida.”

Mais no site:

http://www.cadenaser.com/articulo/sociedad/65/pacientes/tratados/cannabis/mejoran/csrcsrpor/20061020csrcsrsoc_2/Tes/

(Fonte: Cadenser.com de 20 de Outubro de 2006)

Ciência — THC reduz cólica abdominal pós-prandial de acordo com estudo clínico da Clínica Mayo

O THC pode relaxar o cólon e reduzir o aparecimento de cólicas abdominais após ingesta alimentar, de acordo com estudo apresentado na 71st Annual Scientific Meeting of the American College of Gastroenterology. O estudo comparou os efeitos do dronabinol com placebo na motilidade colônica e na sensação abdominal em adultos saudáveis.

Médicos da Clínica Mayo em Rochester, EUA, conduziram um estudo duplo-cego em paralelo com 52 voluntários que eram randomizados para grupo placebo ou de uma dose única de dronabinol. Os pesquisadores verificaram que o THC relaxa o colon e reduz as contrações e a dor pós-prandial. Além disso, verificaram que o efeito é mais pronunciado em mulheres. “O potencial dos canabinóides na modulação da função motora do colon em doenças merece mais estudos”, segundo o líder do estudo Dr Tuba Esfandyari.

Mais no site:

http://www.acg.gi.org/media/releases/ACG%2006%20Cannabinoids%20and%20Stomach%20Pain.pdf

(Fonte: Press release da American College of Gastroenterology de 23 de Outubro de 2006)