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Boletim da IACM de 12 de fevereiro de 2013

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Ciência Israel — A utilização terapéutica da cannabis pode proporcionar um alivio espantoso para aqueles que sofrem de doenças crónicas.

Segundo investigadores da Universidade de Tel Aviv um tratamento com cannabis pode, entre outras coisas, melhorar o apetito e aliviar a dor crónica. "Mesmo com controversia, a cannabis medicinal tem vindo a ganhar terreno como tratamento válido, oferezendo alivio aos que sofrem doenças como cancro, transtorno de estrés postraumático ou ELA", diz um informe da Universidade American Friends de Tel Aviv reimpreso en Science Daily.

Na residencia de ancianos de Hadarim 19 doentes de entre 69 e 101 anos foram tratados con cannabis terapéutico durante um ano para síntomas tais como dor, falta de apetite, e espasmos musculares e temblores. Durante o estudio 17 doentes alcanzaram um peso saludável. Se reduziram significativamente os espasmos musculares, a rigidez, os temblores e a dor. Casi todos os doentes disseram experimentar um aumento das horas de sono e uma diminução dos pesadelos. Os autores do estudo observaram uma diminuição notável da quantidade de medicamentos que tomavan os doentes como antipsicóticos, tratamento para o Parkinson, estabilizadores do estado de ánimo e analgésicos, tendo em conta que são fármacos com efeitos secundarios graves. Ao final do estudo o 72% dos participantes foram capazes de reduzir o seu consumo em media de 1'7 medicamentos cada día.

It's True: Medical Cannabis Provides Dramatic Relief for Sufferers of Chronic Ailments

Medical Cannabis Provides Dramatic Relief for Sufferers of Chronic Ailments, Israeli Study Finds

Ciência/Humanos — Um estudo epidemiológico recente que apontava uma relação entre o consumo de cannabis na adolescencia e uma redução da inteligencia pode ter chegado a conclusoes erradas.

Uma investigação norueguês sugere que o grande estudo que tinha notado uma ligação entre o consumo de cannabis entre os adolescentes e uma redução da inteligência pode ter analisado os dados de forma incorrecta, e atribui as quedas de mais inteligência ao menor nível socioeconômico e não ao cannabis. O novo artigo foi publicado na revista PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America). "Meu estudo mostra essencialmente que os métodos utilizados e as análises apresentadas na pesquisa original não são suficientes para descartar outras explicações (QI inferior)", disse Ole Rogeberg, economista do Centro de Pesquisa de Economia Frisch de Oslo, a Reuters .

O Estudo Dunedin é um relatório produzido pelo curso da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, que fez um seguimento por 40 anos a 1.037 crianças da Nova Zelândia nascidas entre Abril de 1972 e Março de 1973. Os participantes foram avaliados periodicamente pelo QI e outros índices, como o uso de drogas, e em 2012 a psicóloga clínica Madeline Meier realizou um estudo que disse que havia uma ligação entre o uso de cannabis na adolescência e QI baixo. Em seu artigo Rogeberg conclui: "Uma simulação do modelo de confusão reproduz as associações que aparecem na coorte de Dunedin, sugerindo que os efeitos causais estimados por Meier et al provavelmente estão sobrestimados, e que o efeito real pode ser zero.. (...) Apesar de ser muito forte dizer que os resultados têm sido desacreditados, a metodologia é defeituosa e a inferência causal tirada dos resultados é prematura."

Rogeberg O. Correlations between cannabis use and IQ change in the Dunedin cohort are consistent with confounding from socioeconomic status. Proc Natl Acad Sci U S A. 2013 Jan 14. [na imprensa]

Reuters of 23 January 2013

Ciência/Humanos — O CBD pode ser útil nos transtornos de ansiedade segundo um estudo experimental.

Em um experimento com 48 participantes saudáveis que foram submetidos a uma prova de condicionamento por medo o CBD (cannabidiol) melhorou a consolidação da aprendizagem de extinção posterior e portanto pode ser útil nos transtornos de ansiedade. Cientistas da Unidade de Psicofarmacologia Clínica do University College of London, Reino Unido, realizaram um experimento de condicionamento clássico. Um estímulo neutro, neste caso, uma caixa colorida, foi seguido por uma segunda estimulação (desagradável), em particular, choque eléctrico. Mais tarde, o primeiro estímulo (neutro) provoca uma reacção física porque o sujeito está a espera de que seja seguido de um choque eléctrico. Na aprendizagem de extinção essa resposta aprendida ao primeiro estímulo é eliminada quando este estímulo é apresentado na ausencia de um choque posterior. A aprendizagem de extinção é uma aproximação de primeira linha para o tratamento de perturbações de ansiedade.

Os participantes receberam 32 mg de CBD, antes ou após a extinção em um estudo duplo-cego controlado com placebo. Nos três grupos de tratamento foram encontrados acondicionamentos e extinções satisfatórias. O CDB administrado após a extinção melhorou a consolidação da aprendizagem da extinção. Não foram observados efeitos colaterais pelo CBD na extinção. Os autores concluíram que "estes resultados fornecem a primeira evidência de que o CBD pode melhorar a consolidação da aprendizagem de extinção em humanos e sugerem que o CBD pode ter potencial como um complemento para as terapias baseadas na extinção para os desordens de ansiedade".

Das RK, Kamboj SK, Ramadas M, Yogan K, Gupta V, Redman E, Curran HV, Morgan CJ. Cannabidiol enhances consolidation of explicit fear extinction in humans. Psychopharmacology (Berl). 2013 Jan 10. [na imprensa]

EUA — O tribunal federal rejeita um pedido para reclassificar a cannabis

Um tribunal federal de apelações decidiu em 22 de janeiro que, embora haja alguma evidência para apoiar o clamor dos benefícios para a saúde da cannabis, não são suficientes para reverter a decisão do governo dos EUA que diz que a planta deve ser rigidamente controlada. A decisão significa que a Drug Enforcement Administration pode manter a marijuana (cannabis) em sua lista de drogas mais perigosas e rigidamente controladas, juntamente com a heroína.

Os defensores da cannabis medicinal reclamaram em 2011 a reclassificação á DEA. Mas o Tribunal de Apelações dos EUA de Washington D.C. diz que os peticionários, incluindo Americans for Safe Access, não podem demonstram de maneira convincente que a cannabis tem uso médico eficaz, aceite e seguro. Sem provas adicionais, o tribunal deve ficar posicionado a favor da DEA, escreveu o juiz Harry Edwards. Desde 1970, o governo dos EUA classificou a marijuana como uma droga de Classe I, uma categoria reservada para aquelas que não têm uso medicinal reconhecido e tem alto potencial de abuso.

Reuters of 22 January 2013

Notícias

Ciência — Sexto Workshop Europeu sobre Canabinóides

O Sexto Workshop Europeu sobre canabinóides será realizado nos dias 18-20 de Abril de 2013 no Trinity College de Dublin, na Irlanda.

Conference website

Ciência/Humanos — Segundo um estudo o uso da cannabis não afeta a gravidade da epilepsia

O uso de cannabis não afeta a severidade da doença na epilepsia, enquanto que a de outras drogas ilegais resultou em uma piora de crises . Este é o resultado de uma pesquisa de 310 pacientes com epilepsia. 63 (20'3%) relataram uso de cannabis após ser diagnosticados com epilepsia e 16 (5,2%) consumiram outras drogas ilegais. O consumo de cannabis de uma forma geral não afectou á epilepsia (em 84'1% dos casos). Departamento de Neurologia do Hospital Universitário Charité, de Berlim, Alemanha.

Hamerle M, et al. Eur J Neurol. 2013 Jan 11. [na imprensa]

EUA — O prefeito de San Diego termina com a ofensiva contra os dispensários de cannabis

O prefeito de San Diego Bob Filner ordenou aos procuradores civis "parar a repressão aos dispensários de cannabis." O anúncio marca uma mudança na persecução dos dispensários na segunda maior cidade da Califórnia. Em 2011, o advogado da cidade iniciou acções judiciais, mais concretamente o código de demandas de acção de execução contra mais de 100 dispensários de cannabis medicinal e fechou a maioria deles. Reuters de 11 de Janeiro de 2013

Reuters of 11 January 2013

A sentença foi proferida no 10 de Janeiro por um tribunal de Diekirch contra o Dr. Jean Colombera por um problema relacionado com a cannabis. O Dr. Colombera tinha prescrito cannabis da empresa holandesa Bedrocan a 25 dos seus pacientes, o que não é permitido no Luxemburgo. Segundo o juiz o médico infringiu a lei, mas guiado por sua intenção de ajudar seus pacientes sem qualquer atitude criminosa. O tribunal absolve o médico de qualquer prisão ou multa e a sentença foi suspensa por um ano. Está autorizado a continuar seu trabalho como médico e ser absolvido se cumprir a lei durante este tempo. (Comunicação pessoal de Jean Colombera)

Ciência/Animais — O CBD inibe a actividade de uma enzima hepática

O canabinóide natural da planta CBD (canabidiol) inibe a actividade da enzima citocromo P450 2C19. As enzimas do complexo citocromo P450 são responsáveis pela degradação dos medicamentos. Os fármacos que são degradados pelas enzimas 2C19 do complexo, incluindo muitos inibidores de bomba de protões e antiepilépticos, podem ser metabolizados de forma mais lenta quando administrados com CBD. Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de Hokuriku, Japão.

Jiang R, et al. Drug Metab Pharmacokinet. 2013 Jan 15. [na imprensa]

Ciência/Humanos — As variantes do gene do receptor CB1 estão associados com os movimentos intestinais.

Num estudo de 455 pacientes com a síndrome do intestino irritável e 228 indivíduos saudáveis determinadas variantes do gene para o receptor de canabinóide-1 foram associadas com os movimentos do cólon . Os autores afirmam: "Estes dados suportam a hipótese de que os receptores de canabinóides podem desempenhar um papel no controlo do tráfego e sensibilidade do cólon em humanos e merece mais estudo, como potenciais mediadores ou alvos terapêuticos em doenças gastrointestinais funcionais baixas." Mayo Clinic, em Rochester, EUA.

Camilleri M, et al. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol. 2013 Jan 10. [na imprensa]

Ciência/Animais — Os endocanabinóides reduzem os sintomas de privação de opiáceos

A inibição da degradação dos endocanabinóides reduz a abstinência a morfina em ratos dependentes. Os autores concluíram que a inibição endocanabinóide "representa uma abordagem promissora para o tratamento da dependência de opiáceos." Faculdade de Medicina da Virginia, Virginia Commonwealth University, Richmond, EUA.

Ramesh D, et al. Neuropsychopharmacology. 2013 Jan 3. [na imprensa]