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Boletim da IACM de 9 de agosto de 2015

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Ciência/Humanos — O consumo de cannabis melhorou o resultado do tratamento contra a dependência de opiáceos

A severidade dos sintomas de abstinência de opióides foi reduzida pelo THC (dronabinol) e os pacientes que tomaram cannabis tiveram melhores resultados no tratamento. Este é o resultado de um estudo com 60 pacientes dependentes de opióides, conduzido por cientistas da Universidade de Columbia, em Nova York. Os participantes foram aleatoriamente distribuídos para receber 30 mg por dia (n = 40) de THC ou placebo (n = 20), sob dupla ocultação, enquanto submetidos a uma desintoxicação numa clínica. O THC ou placebo foram administrados enquanto estavam na clínica e durante 5 semanas depois.

A severidade da retirada dos opióides durante a fase na clínica foi menor no grupo onde foi administrado o THC do que no grupo onde foi administrado o placebo. As taxas de conclusão com sucesso do tratamento (THC 35%, placebo 35%) não apresentaram diferenças significativas. Uma análise mostrou que o 32% de participantes que fumaram cannabis regularmente durante a fase de ambulatório registaram níveis significativamente mais baixos de insónias e ansiedade e foram mais propensos a concluir o período de estudo de oito semanas. Os autores concluíram que “o dronabinol reduziu a severidade da privação de opiáceos durante a desintoxicação aguda”. Os participantes que optaram por fumar cannabis durante o estudo "eram mais propensos a completar o tratamento, independentemente do grupo de tratamento que lhes foi atribuído". Assim, a cannabis foi mais eficaz do que a dose de THC administrada.

Bisaga A, Sullivan MA, Glass A, Mishlen K, Pavlicova M, Haney M, Raby WN, Levin FR, Carpenter KM, Mariani JJ, Nunes EV. The effects of dronabinol during detoxification and the initiation of treatment with extended release naltrexone. Drug Alcohol Depend. 8 de Julho de 2015. [na imprensa]

EUA — Reformados deslocam-se cada vez mais para estados onde o uso medicinal da cannabis é legal

Na escolha do local para onde ir viver na reforma, são tidos em conta alguns fatores: o clima, a proximidade dos netos, o acesso a cuidados de saúde de qualidade. Mas muitos reformados preferem estados onde possam ser tratados com cannabis. Descobrir quantas pessoas se estão a reformar e a ir viver para estados que permitem o uso medicinal da cannabis é um desafio, uma vez que os reformados não têm de preencher nenhum formulário indicando porque é que escolheram um determinado local para passarem os seus últimos anos.

Porém, “há indícios de que as pessoas com problemas de saúde que a cannabis medicinal poderia ajudar a tratar estão a mudar-se para estados com cannabis legalizada", disse Michael Stoll, professor de políticas públicas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que estuda tendências migratórias de reformados. Michael Stoll citou dados da United Van Lines que mostram que o principal destino de migrações nos EUA em 2014 foi o estado do Oregon. A Mountain West – incluindo o Colorado, que legalizou a cannabis medicinal em 2000, e o seu uso recreativo em 2012 – pode gabar-se de ter a maior percentagem de pessoas a mudar-se para lá na reforma, segundo a United Van Lines. Um terço das pessoas que migraram para a região disseram que se tinham mudado para ali especificamente para se reformarem.

Reuters de 22 de Julho de 2015

Notícias

EUA — Hawaii estabelece um sistema de licenciamento para dispensários de cannabis medicinal

O governador David Ige assinou uma lei sobre a cannabis medicinal, que estabelece um sistema de licenciamento para dispensários de cannabis medicinal.

Comunicado de imprensa do governador do Hawaii, 15 Julho de 2015

Ciência/Humanos — Número de alergias a cannabis está a aumentar

Há cerca de uma década que a alergia à cannabis parece estar a aumentar. Tanto a exposição ativa como a passiva a alergéneos da cannabis podem levar a uma alergia à cannabis. As manifestações clínicas da alergia à cannabis podem variar de reações leves a potencialmente fatais.

Faculdade de Medicina e Ciências da Saúde, Universidade de Antuérpia, Bélgica.

Decuyper I, et al. Arch Immunol Ther Exp (Warsz). 16 de Julho de 2015. [na imprensa]

EUA — Relato de caso sobre morte traumática após consumo de cannabis no Colorado

Um relatório da polícia indicou que, inicialmente, o homem de 19 anos comeu apenas um único pedaço de um biscoito de cannabis, respeitando as indicações do empregado da loja. Cerca de 30-60 minutos depois, como não sentia qualquer efeito, comeu o resto do biscoito. Durante as duas horas seguintes terá apresentado um discurso errático e comportamentos hostis. Aproximadamente 3,5 horas após a ingestão inicial, e 2,5 horas depois de consumir o resto do biscoito, saltou da varanda de um quarto andar e morreu de trauma.

Hancock-Allen JB, et al. MMWR Morb Mortal Wkly Rep 2015;64(28):771-772.

Ciência/Humanos — O fumador passivo de cannabis pode acussar positivo em exames de sangue para THC

Num estudo com 6 utilizadores experientes de cannabis e 6 não fumadores, os fumadores passivos deram positivo nos testes para THC no fluído oral e no sangue até 3 horas após a exposição. Os autores concluíram que "a exposição ao fumo da cannabis de terceiros imitou, embora em menor medida, o consumo ativo de cannabis".

Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, Baltimore, EUA.

Cone EJ, et al. J Anal Toxicol. 2 de Julho de 2015 [na imprensa]

Ciência/Células — Como o CBD pode proteger os genes

Em testes com THC, CBD (canabidiol) e CBN (cannabinol), o CBD aumentou de forma mais potente a atividade da CYP1A1. Esta enzima revelou ser capaz de degradar o agente cancerígeno benzo(a)pireno. Investigações anteriores tinham mostrado que a CYP1A1 pode ter um efeito protetor sobre os genes, o que foi atribuído ao facto de a CYP1A1 ser altamente ativa na mucosa do intestino, inibindo assim a infiltração no sangue de benzo(a)pireno cancerígeno ingerido.

Departamento de Farmácia, Hospital da Universidade Shinshu, Matsumoto, Japão.

Yamaori S, et al. Life Sci. 15 Julho de 2015.[na imprensa]

Ciência/Animais — Sistema endocanabinóide envolvido na febre

Um estudo com ratos mostra que a degradação do endocanabinóide 2-AG (2-araquidonoilglicerol) é necessária para a produção de prostaglandina E2 (PGE2) no hipotálamo, o que é essencial para o desenvolvimento de febre.

Graduate School of Medicine, Universidade de Tóquio, Bunkyo-ku, Japão.

Kita Y, et al. PLoS One 2015;10(7):e0133663.

Ciência/Animais — Os endocanabinóides reduzem o excesso de atividade da bexiga

O URB937, um inibidor perifericamente restrito da FAAH (amido hidrolase dos ácidos graxos), reduz o excesso de atividade da bexiga e a hiperatividade das fibras nervosas aferentes da bexiga em ratos. Esta inibição da FAAH resulta num aumento do endocanabinóide anandamida, que se manifesta sobre a bexiga.

Graduate School of Medicine, Universidade de Tóquio, Japão.

Aizawa N, et al. BJU Int. 18 de Julho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Animais — O endocanabinóide 2-AG pode ser usado no tratamento de doenças neurodegenerativas

A Alfa/beta-hidrolase domínio 6 (ABHD6) é uma enzima que degrada o 2-AG (2-araquidonoilglicerol) e, portanto, pode ajustar a sinalização endocanabinóide no sistema nervoso central. Novas pesquisas sugerem "que a inibição de ABHD6 pode ser utilizada como uma estratégia ideal para o tratamento da EM e de outras doenças neurodegenerativas".

Universidade de Ciências da Saúde dos Serviços Militarizados, Bethesda, EUA.

Wen J, et al. Neuropharmacology. 16 de Julho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Animais — A ativação do receptor CB2 pode ser benéfica no acidente vascular cerebral

Num estudo com ratos, investigadores descobriram que o tratamento precoce com canabinóides, que ativam o receptor CB2, suprime a degeneração de células nervosas em animais com AVC.

Centro de Investigação Neuropsiquiátrica, Institutos Nacionais de Pesquisa em Saúde, Zhunan, Taiwan.

Yu SJ, et al. PLoS One 2015;10(7):e0132487

Ciência/Animais — A anandamida causa relaxamento das artérias em ratos hipertensos

Um novo estudo demonstra que o endocanabinóide anandamida aumenta o relaxamento dependente do endotélio da aorta através da ativação dos receptores CB1 e CB2. Os cientistas testaram o efeito em ratos com hipertensão.

Departamento de Fisiologia, Universidade Médica Hebei, Shijiazhuang, China.

Guo Z, et al. Clin Exp Pharmacol Physiol. 14 de Julho de 2015. [na imprensa]

Ciência/Animais — Um agonista inverso sintético do receptor CB2 revela se como promessa para neuroproteção

Em estudos com ratos, o SMM-189, agonista inverso sintético do receptor CB2, revelou-se uma promessa no tratamento da lesão cerebral traumática e, possivelmente, doenças neurodegenerativas.

Faculdade de Farmácia, Health Science Center Memphis Universidade de Tennessee, EUA.

College of Pharmacy, University of Tennessee Health Science Center Memphis, USA.

Presley C, et al. Pharmacol Res Perspect. 2015 Aug;3(4):e00159.

Ciência/Animais — O receptor CB2 está envolvido em alterações ósseas associadas ao cancro de mama

Os investigadores utilizaram modelos de rato para demonstrar "que tanto a ativação seletiva do CB2 como do antagonista têm potencial eficácia na doença óssea associada ao cancro mas são precisos, e estão em curso, mais estudos."

Universidade de Edimburgo, Reino Unido.

Sophocleous A, et al. J Biol Chem. 20 de Julho de 2015. [na imprensa]