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Boletim da IACM de 19 de julho de 2013

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Ciência/Humanos — A cannabis pode diminuir a gravidade dos sintomas de abstinência a opiáceos durante o tratamento de manutenção com metadona.

Um novo estudo sugere que os sintomas de abstinência de opiáceos diminuem em pacientes submetidos a tratamento de manutenção com metadona que usam cannabis. O estudo com 91 pacientes foi conduzido por pesquisadores do Instituto Farber de Neurociências da Universidade Thomas Jefferson, na Filadélfia, EUA. Os padrões de uso de cannabis antes e durante o tratamento de manutenção com metadona (MMT) foram examinados para avaliar os possíveis efeitos relacionados à cannabis no MMT, particularmente durante a estabilização com metadona.

As taxas de uso de cannabis foram elevadas durante a indução com metadona, caindo significativamente após estabilização da dose. A história de consumo de cannabis estava correlacionado com o consumo de cannabis durante o MMT, mas não causou impacto negativo no processo de indução da metadona. Os autores notaram que "os dados piloto também sugeriram que existem classificações objectivas de redução de abstinência de opiáceos em pacientes em MMT que usaram cannabis durante a estabilização."

Scavone JL, Sterling RC, Weinstein SP, Van Bockstaele EJ. Impact of Cannabis Use during Stabilization on Methadone Maintenance Treatment. Am J Addict 2013;22(4):344-51.

Ciência/Humanos — O uso de cannabis não acelera a progressão da doença hepática em pessoas com hepatite C, de acordo com um estudo longitudinal.

Num estudo prospectivo com 690 pessoas positivas para VIH e vírus da hepatite C (HCV), o uso de cannabis não acelerou a progressão da fibrose hepática. O estudo foi realizado no Departamento de Epidemiologia, Bioestatística e Saúde Ocupacional da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá. Os pesquisadores avaliaram a associação entre o número médio de cigarros de cannabis fumados por semana e a progressão para fibrose hepática significativa, cirrose ou doença hepática em estágio final. No início do estudo, 53% fumaram cannabis nos últimos 6 meses, consumindo uma média de sete por semana (intervalo: 1-21), 40% fumavam diariamente.

Não foi encontrado nenhuma evidência de associação entre o consumo de cannabis e uma progressão significativa da fibrose hepática na co-infecção HIV / HCV. Cada 10 cigarros de cannabis adicionais por semana mostraram um ligeiro aumento do risco de progressão para um diagnóstico clínico de cirrose e doença hepática em estágio final (relação de risco: 1,13). No entanto, quando a exposição foi retardada para 6-12 meses antes do diagnóstico, a cannabis não estava mais associada com a progressão da doença clínica. Isso sugere que “a causalidade contrária devido à automedicação pode explicar resultados anteriores", escreveram os autores. Pequenos estudos anteriores encontraram uma associação entre o uso de cannabis e progressão de fibrose hepática em pacientes com hepatite C.

Brunet L, Moodie EE, Rollet K, Cooper C, Walmsley S, Potter M, Klein MB; for the Canadian Co-infection Cohort Investigators. Marijuana Smoking Does Not Accelerate Progression of Liver Disease in HIV-Hepatitis C Coinfection: A Longitudinal Cohort Analysis. Clin Infect Dis. 2013 Jul 4. [na imprensa]

Notícias

Holanda — Cannabis Medicinal Masterclass

Bedrocan BV está oferecendo seu terceiro Cannabis Medicinal Masterclass, 22-25 Setembro em Wageningen, na Holanda. Programado para coincidir com a 7 ª Conferência do IACM sobre canabinóides em Medicina (27-28 setembro em Colônia, na Alemanha), o curso é de 3,5 dias de instrução global sobre a aplicação farmacêutica da cannabis herbácea na forma regulamentada pelo Ministério Holandês de Saúde, Bem-estar, e Desporto. Organizado pelo Dr. Arno Hazekamp (Bedrocan), entre os preletores se incluem o Dr. Mark Ware, Dr. Jon Page e Dr. Jahan Marcu, entre outros. O curso é limitado a 12 participantes. O prazo final para a inscrição é 1 de Agosto.

Informação sobre Cannabis Masterclass

Ciência/Humanos — Os riscos de fumar cannabis para os pulmões são muito mais baixos do que o tabaco.

De acordo com um comentário feito pelo Dr. Donald Tashkin, um professor da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, " o peso acumulado das evidências implica riscos muito mais baixos para as complicações pulmonares derivadas do uso regular de cannabis em comparação com as graves consequências pulmonares do tabaco." Fumar cannabis pode estar associado a bronquite crônica, mas os estudos não fundamentam as alegações de que está positivamente associada com o desenvolvimento de câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), ou enfisema.

Universidade da Califórnia em Los Angeles, EUA.

Tashkin DP. Ann Am Thorac Soc 2013;10(3):239-47.

Itália — Sativex já está disponível

GW Pharmaceutical anunciou que o seu spray de cannabis Sativex já está disponível na Itália como um medicamento de prescrição para uso no tratamento da espasticidade na esclerose múltipla. Sativex já está disponível em vários países europeus, incluindo o Reino Unido, Espanha e Alemanha.

Nota de prensa de GW Pharmaceuticals de 8 Julho de 2013

EUA — / México: Ex-presidente mexicano Fox pede legalização da cannabis

O ex-presidente mexicano Vicente Fox assumiu suas atividades para legalizar a cannabis para San Francisco, juntando-se aos defensores da cannabis para exortar os Estados Unidos e seu país para descriminalizar a venda e uso recreativo de cannabis. Fox reuniu-se durante três horas com os defensores, incluindo Steve DeAngelo, diretor executivo do maior dispensário de cannabis na Califórnia, baseado em Oakland, e o ex-executivo da Microsoft Jamen Shively, que espera criar uma marca de cannabis com sede em Seattle agora que o Estado de Washington legalizou o uso recreacional.

Reuters do 9 de Julho de 2013

Ciência/Humanos — Identificadas as proteínas que podem ser responsáveis por alergias a cannabis.

Foram identificadas várias proteínas na planta de cannabis que pensa-se são as responsáveis pelas alergias a cannabis em 23 pacientes. Entre os possíveis alérgenos estão várias enzimas da planta.

Centro para Controle e Prevenção de Doenças, Morgantown, West Virginia, EUA.

Nayak AP, et al. Ann Allergy Asthma Immunol 2013;111(1):32-37.

Ciência/Células — Os canabinóides podem ser úteis contra a rejeição de transplantes

Em experiências celulares com canabinóides que actuam sobre os receptores CB2, os dados que foram recolhidos "suportam o potencial desta classe de compostos como terapias úteis para prolongar a sobrevivência do enxerto em pacientes de transplante", inibindo as células-T.

Center for Substance Abuse Research, Temple University School of Medicine, da Filadélfia, EUA.

Robinson RH, et al. J Neuroimmune Pharmacol. 2013 Jul 4. [na imprensa]

Ciência/Humanos — Redução da capacidade de síntese de dopamina em usuários de cannabis

Cientistas compararam a capacidade de síntese de dopamina em 19 utilizadores regulares de cannabis com 19 não utilizadores. Os utilizadores de cannabis apresentaram redução na capacidade de síntese de dopamina em certa região do cérebro (striatum). Os autores concluíram que "o uso crónico de cannabis está associado à redução da capacidade de síntese de dopamina e causa a hipótese de que a cannabis aumenta o risco de distúrbios psicóticos, induzindo as mesmas alterações dopaminérgicas observadas na esquizofrenia."

Instituto de Ciências Clínicas, Hammersmith Hospital, Imperial College London, Reino Unido.

Bloomfield MA, et al. Biol Psychiatry. 2013 Jun 29. [na imprensa]

Ciência/Humanos — Os endocanabinóides influenciam a coagulação do sangue

Os endocanabinóides 2-AG e virodamina induzem a agregação plaquetária, enquanto a anandamida é inactiva. Este efeito foi independente dos receptores dos canabinóides. Os autores concluíram que “os ligandos farmacológicos dos receptores CB1 e CB2 não afectam nem ás plaquetas nem á progressão das doenças cardiovasculares dependentes das plaquetas”

Instituto de Prevenção de Doenças Cardiovasculares, Ludwig Maximilians University, em Munique, na Alemanha.

Brantl SA, et al. Platelets. 2013 Jun 21. [na imprensa]

Ciência/Células — Os canabinóides induzem a morte de células do câncer de pâncreas.

Os canabinóides, que se ligam a receptores CB1 e ao receptor CB2 prejudicaram a produção de energia de células de cancro do pâncreas e isto resultou "numa forte indução de autofagia [degradação celular] e na inibição do crescimento de células".

Departamento de Ciências da Vida e Reprodução da Universidade de Verona, na Itália.

Dando I, et al. Cell Death Dis. 2013 Jun 13. [na imprensa]

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