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Boletim da IACM de 10 de julho de 2013

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Ciência/Animais — O THC bloqueia a hemorragia e a inflamação do estômago causada por medicamentos analgésicos tais como o diclofenaco

Doses moderadas de THC são capazes de reduzir a hemorragia e a inflamação do estômago causadas por AINES (anti-inflamatórios não esteróides). Este é o resultado dos estudos realizados com ratos por pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade de West Virginia em Morgantown, EUA. Os ratinhos foram mantidos em jejum, o THC administrado (via oral ou injectado no ventre), e depois foram tratados com o AINE diclofenac, que induz danos gástricos.

O THC atenuou o sangramento gástrico induzido pelo diclofenaco através de ambas as vias de administração de forma dose-dependente. O THC foi eficaz em doses baixas, que não causaram imobilidade motora, analgesia e catalepsia. Os autores concluíram que "estes dados indicam que o fitocannabinoide delta-9-THC protege contra os danos inflamatórios no tecido gástrico induzidos pelo diclofenac, quando usado em doses suficientes mas sem causar os efeitos secundários típicos dos canabinóides."

Kinsey SG, Cole EC. Acute Δ(9)-tetrahydrocannabinol blocks gastric haemorrhages induced by the nonsteroidal anti-inflammatory drug diclofenac sodium in mice. Eur J Pharmacol. 2013 Jun 11. pii: S0014-2999(13)00461-5. doi: 10.1016/j.ejphar.2013.06.001. [na imprensa]

Os cidadãos do Equador podem transportar cannabis, cocaína, heroína, ecstasy ou anfetaminas em pequenas quantidades, sem penalização. O Ministério da Saúde definiu os limites de 10 gramas de cannabis, 2 gramas de crack, uma grama de cocaína, 0,01 gramas de heroína, 0,01 gramas de ecstasy e 0,04 gramas de anfetamina. Isto é baseado num relatório do Ministério com uma "análise técnica de toxicidade, estudos psicológicos, biológicos e outras informações necessárias sobre estupefacientes e substâncias psicotrópicas para consumo pessoal".

Diego Garcia, da Procuradoria Geral do Estado, disse no dia 20 de Junho, que "a lei permite o consumo e considera-o como não criminal, mas que o cultivo, tráfico e venda de pequenas ou grandes quantidades continua a ser ilegal." Ele acrescentou que "devemos começar a partir de um claro reconhecimento de que, no Equador, de acordo com a Constituição (artigo 364), não criminalizamos o uso de drogas. Consideramos isso como um problema de saúde e não um crime."

Associated Press of 21 June 2013

Notícias

Ciência/Humanos — sobre as leis de utilização de cannabis medicinal, médicos dos EUA afirmam que esta substância não tem efeitos perigosos no uso por adolescentes.

Pesquisadores investigaram o efeito de utilização de cannabis para uso medicinal em Montana, Rhode Island, Michigan, e Delaware sobre o uso de cannabis por adolescentes e não encontraram nenhum efeito secundário. Eles escreveram , sobre estas leis que :"não foram encontrados resultados prejudiciais no uso de cannabis na adolescência, nos primeiros anos após a sua promulgação."

Departamento de resultados e Política da Saúde e do Instituto para a Política de Saúde da Criança, da Universidade da Flórida, Gainesville, EUA.

Lynne-Landsman SD, et al. Am J Public Health. 2013 Jun 13. [na imprensa]

EUA — dispensários de cannabis permitidos em Nevada

Após 13 anos de espera, os pacientes que consomem cannabis para fins medicinais em Nevada, terão muito em breve uma maneira legal para obter cannabis medicinal após o governador Brian Sandoval assinar a lei. Esta lei também contém disposições para continuar a permitir a plantação em casa até 2016. Nevada votou para legalizar a cannabis medicinal em 2000. Nevada torna-se o 14 º estado a legalizar dispensários de cannabis medicinal.

Las Vegas Sun of 12 June 2013.

Ciência/Humanos — Uso de cannabis associado com depressão

Em uma revisão de 14 estudos, que investigaram a associação entre o uso de cannabis e a depressão, havia um risco ligeiramente aumentado de 17% para todos os usuários de cannabis e de 62% para os usuários pesados. Não está claro, a partir dos dados, se o consumo de cannabis provoca depressão, se as pessoas tratam a depressão por conta própria com cannabis ou se existem outras razões para esta associação. Os autores concluíram que "não há necessidade de uma maior exploração longitudinal da associação entre o uso de cannabis e a depressão em desenvolvimento, particularmente tendo em conta a exposição cumulativa ao cannabis e os factores de confusão, potencialmente significativos".

Centro de Dependência e Saúde Mental, em Toronto, no Canadá.

Lev-Ran S, et al. Psychol Med. 2013 Jun 24:1-14. [na imprensa]

Ciência/Humanos — indivíduos fisicamente activos apresentam níveis mais elevados de AHAG nas glóbulos brancos do sangue

Oito indivíduos saudáveis físicamente activos tiveram níveis mais altos de AHAG (amida hidrolase de ácido gordo), a enzima que degrada o endocanabinóide anandamida, em seus linfócitos do que 8 pessoas não activas. Também tinham níveis mais elevados de IL-6 (interleucina 6), que desempenha um papel na inflamação e no combate á infecção. Os pesquisadores descobriram que a IL-6 aumenta a actividade da AHAG e, portanto, modula as concentrações de endocanabinóides em pessoas fisicamente activas.

Universidade Tor Vergata de Roma, Itália, e várias outras instituições.

Gasperi V, et al. Med Sci Sports Exerc. 2013 Jun 20. [na imprensa]

Ciência/Animais — O CBD pode ajudar na tensão muscular alterada

Em estudos com ratos, o canabinóide natural canabidiol (CBD) atenua a catalepsia, caracterizada pela rigidez muscular e firmeza de postura. A catalepsia foi provocada por haloperidol, uma droga anti-psicótica, por L-N-nitro-arginina (L-NOARG) ou pelo canabinóide sintético WIN55,212-2, que actua de forma semelhante ao THC. Os investigadores concluiram que "estes resultados indicam que o CBD pode atenuar a catalepsia provocada por diferentes mecanismos (...) por meio da activação de 5-HT1A, sugerindo que poderia ser útil no tratamento de desordens do corpo estriado." Entre estes distúrbios estão a doença de Parkinson e as discinesias.

Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Brasil.

Gomes FV, et al. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry. 2013 Jun 19. [na imprensa]

Ciência/Células — canabinóides eficazes contra as células cancerosas do estômago resistentes a um medicamento anticancerígeno

O canabinóide sintético WIN55 ,212-2 matou células de cancro gástrico, que eram resistentes ao fluorouracil, o principal medicamento quimioterápico utilizado para cancros gastrointestinais. Os cientistas concluíram que " estes resultados indicam que um agonista cannabinoide pode, de facto, ser um agente quimioterapêutico alternativo para o cancro gástrico resistente ao 5-FU".

Departamento de Medicina Interna da Faculdade de Medicina, da Universidade Católica da Coréia.

Xian XS, et al. Anticancer Res. 2013;33(6):2541-7.

Ciência/Humanos — Associação do suicídio com a utilização de várias drogas

Foram analisados os dados de 73.183 alunos do ensino médio. Entre as dez substâncias, a análise demonstrou que o consumo de heroína teve a mais forte associação com ideação suicida, plano de suicídio, tentativas de suicídio e tentativas de suicídio graves no ano passado, seguido pelos utilizadores de metanfetaminas e esteróides. Cocaína, ecstasy e alucinógenios tinham uma associação moderada com tendência suicida. Os utilizadores de cannabis, álcool e tabaco também tiveram um aumento do risco de suicídio. Isto não significa que estas substâncias provoquem o suicídio, mas eles são um indicador do aumento do risco de suicídio.

Stanford University School of Medicine, nos EUA.

Wong SS, et al. Soc Psychiatry Psychiatr Epidemiol. 2013 Jun 7. [na imprensa]

Ciência/Humanos — Aumento do coração associado com a activação do sistema endocannabinoide.

Em pacientes com hipertrofia miocárdica (dilatação do coração) devido a estenose aórtica, a concentração do endocannabinoide anandamida está aumentada. Os autores escreveram que " este estudo mostra pela primeira vez a activação do sistema endocannabinoide e a expressao predominante do receptor CB2 em cardiomiocitos (células do coração) estão associados com a inflamação persistente (..) do miocardio hipertrófico em pacientes com estenose aórtica.

Departamento de Cirurgia Cardíaca da Universidade Clínica Centro de Bonn, na Alemanha.

Duerr GD, et al. Life Sci. 2013;92(20-21):976-83.