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Boletim da IACM de 20 de junho de 2012

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Ciência/Humanos — Canabinóides sintéticos aumentam probabilidade de sobrevivência após graves danos cerebrais num estudo clínico

Num caso clínico com 97 pacientes em comatose, um canabinóide sintético (designado por KN38-7271) melhorou a taxa de sobrevivência na fase aguda ocorrida imediatamente após uma lesão grave na cabeça. O teste foi levado a cabo em 14 centros de neurocirurgia europeus. O canabinóide KN38-7271 liga-se tanto ao receptor CB1 como ao CB2, de forma similar ao THC e outros canabinóides. Os participantes no estudo foram medicados com 1 ou 0,5 mg do canabinóide ou de placebo dentro das primeiras 4.5h após a ocorrência da lesão. A eficácia foi medida através das sobrevivências e pela melhora ou deterioração neurológica aos7 dias, 14 dias, 1, 3 e 6 meses após a lesão. A pressão intracraniana e a perfusão cerebral foram analisadas desde o início do tratamento até ao final do sétimo dia após a lesão.

As taxas de sobrevivência 1 mês após a lesão foram significativamente melhores nos grupos em tratamento do que no grupo placebo, mas este efeito não se verificou nos indivíduos a quem foi aplicado 6 meses após a lesão. Nos grupos em tratamento, a ocorrência de pressões intracraniana e de perfusão cerebral críticas foram também menos intensas e frequentes. Não ocorreram quaisquer efeitos adversos graves. Os autores concluíram que o “KN38-7271 aparentou ser benéfico na fase aguda da comatose após as lesões na cabeça sofridas pelos pacientes”. Estes resultados podem providenciar uma base para mais investigações com populações de estudo maiores. Klinik für Neurochirurgie, Universitätsklinikum, Otto-von-Guericke-Universität Magdeburg, Germany.

Firsching R, Piek J, Skalej M, Rohde V, Schmidt U, Striggow F; the KN38-7271 Study Group. Early Survival of Comatose Patients after Severe Traumatic Brain Injury with the Dual Cannabinoid CB1/CB2 Receptor Agonist KN38-7271: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Phase II Trial. J Neurol Surg A Cent Eur Neurosurg. 2012 Jun 13. [na imprensa]

EUA — Dispensários de canábis não aumentam taxas de crime na vizinhança, diz estudo recente.

Desde há muito que um dos argumentos dos que se opõem à canábis medicinal é o pretenso aumento do crime, especialmente roubos e assaltos. O único problema é que este argumento não é verdadeiro, de acordo com o novo estudo financiado pelo NIH (National Institutes of Health ). O estudo, publicado no “Journal of Studies on Alcohol and Drug”, revelou que nos bairros em que existem dispensários de canábis medicinal em Sacramento não há maiores probabilidades de ocorrência de crimes do que nos restantes bairros.

O estudo analisou as taxas de crime em Sacramento durante 2009, antes de se ter aprovado o regulamento sobre os dispensários de canábis medicinal na cidade. Apesar de os investigadores não terem a certeza sobre a causa da não subida do crime nas vizinhança dos dispensários, suspeitam que os guardas de segurança e as câmaras de vigilância poderão ter um efeito dissuasor, mantendo os potenciais criminosos longe da zona. Ou, tal como os investigadores referem no relatório, pode simplesmente suceder que “os dispensários de canábis não provoquem um aumento do crime maior do que qualquer outro estabelecimento numa zona comercial.” Alguns homicídios perpetrados em dispensários em São Francisco e Hollywood, e vários assaltos ocorridos em Santa Cruz e Colorado Springs colocaram o crime associado aos dispensários de canábis em manchetes de jornais e telejornais, mas segundo os autores, esses casos não são representativos.

U.S. News & World Report of 6 June 2012

Notícias

EUA — Connecticut tornou-se o 17º estado com regulamentação sobre canábis medicinal.

O Governador Dannel Malloy ratificou um decreto de lei estatal que autoriza médicos a certificar a utilização medicinal de canábis em pacientes adultos. De acordo com o decreto, o paciente e a pessoa que lhe presta assistência ou cuidados médicos devem registar-se no departamento de proteção de consumidores. Um médico pode certificar uma necessidade médica para pessoas que padeçam de cancro, glaucoma, VIH, doença de Parkinson, esclerose múltipla ou epilepsia.

Reuters of 1 June 2012

Ciência/Animais — Canabinóides reduzem o Stress

Um canabinóide sintético, (WIN, 55,212-2) bloqueou a atividade dos receptores adrenérgicos e reduziu a excitabilidade do cérebro em ratos de laboratório.

Os receptores adrenérgicos são ativados pela adrenalina e outras catecolaminas. Os autores afirmam que “estes dados contribuem para a crescente evidência de que os canabinóides exercem um efeito modulador nos sistemas monoaminérgicos dependentes do stress, e sugere o potencial uso de canabinóides no tratamento de disfunções noradrenérgicas induzidas por stress.

Department of Neuroscience, Farber Institute for Neurosciences, Thomas Jefferson University, Philadelphia, USA.

Reyes BA, et al. Exp Neurol. 2012 Jun 4. [na imprensa]

Ciência/Humanos — Abuso de canábis reduz ligações nervosas nas células cerebrais de adolescentes.

No estudo citado, foram comparadas as imagens do cérebro de 59 utilizadores intensivos de canábis com imagens de um grupo de controlo de 33 indivíduos. As ligações de células nervosas reduziu-se em algumas zonas do cérebro (Hipocampo e corpo caloso) nos utilizadores que iniciaram o consumo na adolescência. Os investigadores concluíram que “as nossas descobertas indicam que a utilização a longo prazo de canábis pode ser perigosa para a matéria branca de um cérebro em desenvolvimento. Adiar a idade de utilização regular pode minimizar a severidade deste efeito microestrutural”

Melbourne Neuropsychiatry Centre, The University of Melbourne and Melbourne Health, Australia.

Zalesky A, et al. Brain. 2012 Jun 4. [na imprensa]

Ciência/Animais — CBD reduz danos cerebrais em ratos recém-nascidos com falta de oxigénio

A administração de CBD após uma redução transitória de fornecimento de oxigénio (apenas 10 % de oxigénio durante 2 horas) a ratos recém-nascidos resultou numa proteção do cérebro relativamente duradoura. Os efeitos deste canabinóide não psicotrópico presente na planta da canábis não foram associados a nenhum efeito secundário. Os investigadores concluíram que “Os resultados enfatizam o interesse no CBD como agente neuroprotector” em casos de falta de oxigénio em recém nascidos.

Experimental Unit, Foundation for Biomedical Research, Madrid, Spain.

Pazos MR, et al. Neuropharmacology. 2012 May 30. [na imprensa]

Ciência/Animais — A concentração de um endocanabinóide aumenta em caso de alergia.

A concentração do endocanabinóide 2-AG (2-arachidonyl glycerol) aumentou em animais durante reações alérgicas. O efeito anti-alérgico do 2-AG foi mediado pelo receptor CB2. Os Investigadores concluíram: “Os nossos dados sugerem fortemente que ligandos endógenos de CB2 sobreregulados em consequência da progressão da doença em modelos alérgicos estão envolvidos em alterações aberrantes nas respostas inflamatórias e no crescimento de tecido celular.”

Pharmaceutical Frontier Research Laboratories, Central Pharmaceutical Research Institute, Japan Tobacco Inc., Kanagawa, Japan.

Mimura T, et al. Int Arch Allergy Immunol 2012;159(2):149-156.

Ciência/Animais — Canabinóides reduzem hiperatividade induzida pela ativação do receptor de Dopamina

O aumento de endocanabinóides através da inibição da degradação do endocanabinóide reduziu a hiperatividade dos receptores de dopamina causadas por Quimpirol. Os autores afirmaram que “Esta descoberta pode ser relevante para abordagens terapêuticas em casos de desordem psicomotoras (discinesia, coréia) ou comportamentos desorganizados associados à hiperatividade mediada pela dopamina).”

Fundación IMABIS, Laboratório de Medicina Regenerativa, Hospital Regional Universitario Carlos Haya, Málaga, Spain.

Luque-Rojas MJ, et al. Int J Neuropsychopharmacol. 2012 May 30:1-16. [na imprensa]